quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

30 day letter project: Day 3 — Your parents

   Na minha cabeça, eutenho 2 versões de vocês.

1º versão: Um pai que nunca vi ao meu lado na minha infância.
2º versão: Uma mãe que quer que eu demonstre amor por alguém que nunca esteveaqui quando mais precisei.

   Nesse dia eu não seimesmo o que falar, por isso serei bem curto. Também falarei mais da minha mãedo que do meu pai, pois tenho mais referencia dela.
   O que eu mais aprendi -e para variar, sozinho - foi que muitas palavras ruins não se apagam com poucaspalavras boas e você, mãe, sabe do que estou falando. Não estou criticando a educaçãoque me deu e nem tudo o que gastou para me criar, mas há algumas coisas que eunão posso fazer, como por exemplo, demonstrar todo o amor que você quer que eudemonstre pelo meu pai.
   Desde pequeno eu tiveque aprender a me virar sozinho não é mesmo? Veja, o filho prodígio passou emdois concursos públicos em meio de duas famílias que não correm atrás de nadana vida e mesmo assim isso não vale de nada. Pelos seus olhos mãe, eu sou uminútil por mais que eu faça de tudo para seguir em um caminho certo. Mas euacho tão triste esse rancor - e de certo modo ódio - que vem de você na maioriados momentos. Você diz que não gosta dos modos da mãe da Mariana, mas tu não étão diferente dela.
   Isso dói e muito. Nãoque o meu sonho fosse ter uma mãe extremamente melosa e que me mimasse, mas umacoisa é demonstrar amor e outra e ter um rancor inexplicável. Eu aprendi muitocom isso. Amadureci rápido. Tudo o que é dito não se apaga.
   E são momentos em que avida parece merecer um fim - principalmente quando o coração não agüenta maistanto desprezo de quem mais deveria dar amor - que as lágrimas descem quentespelo rosto, a sensação de sair correndo se faz presente.
   Quantas vezes eu já penseiem me entregar ao vazio, mas sempre tenho dentro de mim que não posso fazerisso.
Tenho um garoto para fazer sorrir;
Tenho uma garota que vai morar comigo;
Tenho meus sonhos de Enfermagem e Comissário de bordo (sendo que eu só desistiria de Comissáriopor ele, se caso viermos a morar juntos.)
   Vou tentar ser forte,me mantendo recluso no silencio de minhas palavras até que em apenas 4 delas eupossa seguir em frente sem olhar para trás. Antes de terminar, peço desculpasse sou mesmo todo esse incomodo há 16 anos e se todo o apoio que eu precisopara ficar vivo vem de uma pessoa que sabe mais sobre mim do que vocês dois. Às vezes eu acho que se não tivesse esses maravilhosos fragmentos em minha vida, não estaria mais aqui, pois são com eles que eu encontro um motivo de sorrir mesmo nas horas mais trites.
   Obrigado por tudo.

Walter Cardoso.