-Não sei. Apenas senti vontade de voltar. Posso?
-Claro que pode. Tu conheces aqui melhor do que eu.
Sente-se, vou ali na cozinha fazer o café que tu tanto gosta.
-Obrigado. Vim aqui somente para saber como você está. Há tempos
que tenho adiado vir aqui. Conte-me as novidades.
-Nada. Você sabe da minha realidade, você a criou. Continuo
trabalhando, continuo com a mesma realidade de antes; até onde você colocou
aquele ponto, lembra?
-Sim, Edgar. Eu lembro. E, de certo modo, peço desculpas.
-Então, por que você veio aqui? Sirva-se.
-Senti falta... Só isso.
-Hum. Te conheço, criança. Sinto em sua voz que tem um tom
de despedida.
-Sinto que você pode ter razão.
-Mas por quê? Explique-me.
-Não posso explicar; ou talvez eu não consiga. Mas
prometo-lhe que um dia desenterrarei aqueles rascunhos de sua história.
-Oh, criança... Sei que partirás. Não sei quando nos veremos
novamente, mas...
-Mas que esse abraço que eu deixo aqui agora sirva para te
fazer um pouco mais feliz enquanto eu não estiver aqui.
-Ok, criança. Dê-me um abraço e siga com o vento para onde
queira ir. Estou dentro de ti, tu sabes.
-É, eu sei. Tomarei este café e partirei sem rumo; até que esteja suficientemente fragmentado para
não mais existir.