domingo, 8 de julho de 2012

Away

- O que fazes aqui, criança?

-Não sei. Apenas senti vontade de voltar. Posso?

-Claro que pode. Tu conheces aqui melhor do que eu. Sente-se, vou ali na cozinha fazer o café que tu tanto gosta.

-Obrigado. Vim aqui somente para saber como você está. Há tempos que tenho adiado vir aqui. Conte-me as novidades.

-Nada. Você sabe da minha realidade, você a criou. Continuo trabalhando, continuo com a mesma realidade de antes; até onde você colocou aquele ponto, lembra?

-Sim, Edgar. Eu lembro. E, de certo modo, peço desculpas.

-Então, por que você veio aqui? Sirva-se.

-Senti falta... Só isso.

-Hum. Te conheço, criança. Sinto em sua voz que tem um tom de despedida.

-Sinto que você pode ter razão.

-Mas por quê? Explique-me.

-Não posso explicar; ou talvez eu não consiga. Mas prometo-lhe que um dia desenterrarei aqueles rascunhos de sua história.

-Oh, criança... Sei que partirás. Não sei quando nos veremos novamente, mas...

-Mas que esse abraço que eu deixo aqui agora sirva para te fazer um pouco mais feliz enquanto eu não estiver aqui.

-Ok, criança. Dê-me um abraço e siga com o vento para onde queira ir. Estou dentro de ti, tu sabes.

-É, eu sei. Tomarei este café e partirei sem rumo; até  que esteja suficientemente fragmentado para não mais existir.